terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O BALÊ TEM UM CONTATO COM SUA MÃE VITORIA RÉGIA.

SERRA DA COMUNIDADE ALEGRE
NO ESTADO DO PIAUI
E a macaca que o velho nomeou de mãe peluda sempre vinha amamentar as crianças até que elas foram crescendo e sempre quando os dois ficavam uns determinados tempos separados ao se encontrarem eles davam uma espécie de cumprimento no qual um pegava e entrelaçava seus braços nos braços do outro sendo que os dois ficavam de costas e davam uma cambalhota e o velho Bily sempre presenciava aquele ritual e os garotos gêmeos começaram a sair da caverna e o normal que foi batizado pelo velho pelo nome de Terenos sempre estava acompanhando a macaca mãe peluda, e o garoto com característica de peixe que foi nomeado de Balê sempre ia para debaixo da cachoeira, e num certo dia o velho Bily chegou ao entardecer e percebeu que o Balê não tinha chegado e sempre naquele horário os dois já estavam na caverna, preocupado o velho saiu em busca do garoto e depois de descer o rio por muito tempo, e já com tempo turvo porque a noite já estava chegando, ele avistou umas luzes bem longe e ele tinha que caminhar mais uns poucos metros, e chegando lá a noite já estava totalmente escura e a lua ainda não tinha aparecido, mas ele seguiu rumo às luzes que ficavam dentro do rio.
Quando ele ficou de pareia com as luzes ele olhou com atenção e viu que aquelas luzes eram nada mais que um bando de vagalumes que estavam cercando o Balê e o mesmo estava deitado em cima de uma vitória régia, como se ele estivesse no colo da mãe, então, o velho entrou no rio e puxou na borda da planta e arrastou para a beira do mesmo e na sequencia ele apanhou o garoto nos braços porque o mesmo estava dormindo e logo chegou a macaca mãe peluda e o velho colocou o garoto nas costa da sua mãe adotiva, e os três foram para a caverna e o velho percebeu que de alguma forma aquela criança tinha descoberto quem era a sua mãe biológica e aquela criança tinha um elo com as águas, pois desde quando nasceu teve que ter contato com a água para sobreviver e talvez ele fosse a pessoa com a missão de encontrar o amuleto que estava nas profundezas do mar, mas ele era só uma criança que ainda precisava de cuidados especiais, e o outro garoto todo o dia desbravava a mata e conhecia lugares diferentes e o mesmo ficou obcecado em conhecer mais lugares diferentes, e junto com a sua mãe peluda ele começou demorar dois dias a voltar para sua caverna e depois foram demorando mais dias até que ele parou de vir, e o seu irmão Balê ficou com o velho, mas ele também todo dia entrava no rio e ia desbravar o leito do mesmo e a obsessão por conhecer mais os rios fez com que ele fosse para bem longe, e demorou voltar e ao chegar na caverna não viu o velho Bily e ficou desesperado.
Da mesma forma que o velho tinha se preocupado com ele no dia em que ele dormiu em cima da vitória régia, agora ele é quem estava preocupado com a ausência do velho Bily, então ele saiu mata adentro procurando o seu pai e amigo, e ao descer umas grutas ele ouviu os gritos do velho, e foi até lá, e então, se deparou com o Bily com sua perna quebrada, com isso o garoto que já era forte pegou o velho e abraçou e fez o mesmo ficar em pé e deu apoio para ele que de pulo em pulo e gritos de dor foram indo até chegarem ao interior da caverna.
Chegando à caverna o velho pediu que o garoto fosse até a mata e retirasse uma seiva de uma espécie de árvore e também trouxesse dois pedaços de taquara de uma planta que tinha perto da cachoeira, a mesma tinha o interior oco e com isso ele poderia fazer uma espécie de canaleta para imobilizar a sua perna quebrada e o garoto foi, e logo encontrou a seiva, e ao ir rumo à cachoeira ele não resistiu e entrou na água antes de pegar a tala para imobilizar a perna do velho, e estando dentro d’água surge um peixe e ele começa a observar aquele animal lindo que ele nunca tinha visto e o mesmo começou a se comunicar, e logo ele falou da situação do velho Bily, então o peixe pediu que lhe seguisse e não demoraram muito, eles estavam debaixo de uma vitória régia e o peixe pediu que ele fosse entre as raízes da planta e apanhasse uma espécie de gelatina verde que havia lá e levasse para o velho, sem pensar muito ele entrou no emaranhado de raízes e estando ao meio dos mesmos sentiu que aquelas raízes estavam lhe fechando e ele não ficou desesperado pelo contrario ele sentiu uma sensação de paz interior e aquelas raízes acariciaram o seu rosto e depois o garoto pegou a gelatina e agradeceu ao peixe bonito e foi tentar curar o velho Bily.
Ao sair do rio ele apanhou as talas e seguiu para a caverna chegando lá ele deu a resina para o velho que logo já passou a mesma no local do ferimento e quando foi colocar as talas o garoto pediu que ele passasse um pouco da gelatina na enfermidade e depois engolisse um pouco da mesma, e o velho perguntou: onde você encontrou substancia tão diferente, e o garoto respondeu! Foi no rio um peixe bonito me indicou, o velho sabendo que a natureza estava do seu lado engoliu aquela substancia e passou um pouco na enfermidade e logo percebeu que a sua pele estava se juntando, então pegou as talas e colocou uma de um lado e a outra no outro lado, e amarrou com embiras extraídas de cipós, a noite chegou e uma leve chuvinha começou a cair, e com isso o menino foi para fora da caverna e ficou debaixo da chuva a noite inteira lembrando-se do abraço que tinha tido com a Vitória Régia, continua....

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