SERRA DA COMUNIDADE ALEGRE NO ESTADO DO PIAUI |
E a macaca que
o velho nomeou de mãe peluda sempre vinha amamentar as crianças até que elas
foram crescendo e sempre quando os dois ficavam uns determinados tempos
separados ao se encontrarem eles davam uma espécie de cumprimento no qual um
pegava e entrelaçava seus braços nos braços do outro sendo que os dois ficavam
de costas e davam uma cambalhota e o velho Bily sempre presenciava aquele
ritual e os garotos gêmeos começaram a sair da caverna e o normal que foi
batizado pelo velho pelo nome de Terenos sempre estava acompanhando a macaca
mãe peluda, e o garoto com característica de peixe que foi nomeado de Balê
sempre ia para debaixo da cachoeira, e num certo dia o velho Bily chegou ao
entardecer e percebeu que o Balê não tinha chegado e sempre naquele horário os
dois já estavam na caverna, preocupado o velho saiu em busca do garoto e depois
de descer o rio por muito tempo, e já com tempo turvo porque a noite já estava
chegando, ele avistou umas luzes bem longe e ele tinha que caminhar mais uns
poucos metros, e chegando lá a noite já estava totalmente escura e a lua ainda
não tinha aparecido, mas ele seguiu rumo às luzes que ficavam dentro do rio.
Quando ele
ficou de pareia com as luzes ele olhou com atenção e viu que aquelas luzes eram
nada mais que um bando de vagalumes que estavam cercando o Balê e o mesmo
estava deitado em cima de uma vitória régia, como se ele estivesse no colo da
mãe, então, o velho entrou no rio e puxou na borda da planta e arrastou para a
beira do mesmo e na sequencia ele apanhou o garoto nos braços porque o mesmo
estava dormindo e logo chegou a macaca mãe peluda e o velho colocou o garoto
nas costa da sua mãe adotiva, e os três foram para a caverna e o velho percebeu
que de alguma forma aquela criança tinha descoberto quem era a sua mãe
biológica e aquela criança tinha um elo com as águas, pois desde quando nasceu
teve que ter contato com a água para sobreviver e talvez ele fosse a pessoa com
a missão de encontrar o amuleto que estava nas profundezas do mar, mas ele era
só uma criança que ainda precisava de cuidados especiais, e o outro garoto todo
o dia desbravava a mata e conhecia lugares diferentes e o mesmo ficou obcecado
em conhecer mais lugares diferentes, e junto com a sua mãe peluda ele começou
demorar dois dias a voltar para sua caverna e depois foram demorando mais dias
até que ele parou de vir, e o seu irmão Balê ficou com o velho, mas ele também
todo dia entrava no rio e ia desbravar o leito do mesmo e a obsessão por
conhecer mais os rios fez com que ele fosse para bem longe, e demorou voltar e
ao chegar na caverna não viu o velho Bily e ficou desesperado.
Da mesma forma
que o velho tinha se preocupado com ele no dia em que ele dormiu em cima da
vitória régia, agora ele é quem estava preocupado com a ausência do velho Bily,
então ele saiu mata adentro procurando o seu pai e amigo, e ao descer umas
grutas ele ouviu os gritos do velho, e foi até lá, e então, se deparou com o
Bily com sua perna quebrada, com isso o garoto que já era forte pegou o velho e
abraçou e fez o mesmo ficar em pé e deu apoio para ele que de pulo em pulo e
gritos de dor foram indo até chegarem ao interior da caverna.
Chegando à
caverna o velho pediu que o garoto fosse até a mata e retirasse uma seiva de
uma espécie de árvore e também trouxesse dois pedaços de taquara de uma planta
que tinha perto da cachoeira, a mesma tinha o interior oco e com isso ele
poderia fazer uma espécie de canaleta para imobilizar a sua perna quebrada e o
garoto foi, e logo encontrou a seiva, e ao ir rumo à cachoeira ele não resistiu
e entrou na água antes de pegar a tala para imobilizar a perna do velho, e
estando dentro d’água surge um peixe e ele começa a observar aquele animal
lindo que ele nunca tinha visto e o mesmo começou a se comunicar, e logo ele
falou da situação do velho Bily, então o peixe pediu que lhe seguisse e não demoraram
muito, eles estavam debaixo de uma vitória régia e o peixe pediu que ele fosse
entre as raízes da planta e apanhasse uma espécie de gelatina verde que havia
lá e levasse para o velho, sem pensar muito ele entrou no emaranhado de raízes
e estando ao meio dos mesmos sentiu que aquelas raízes estavam lhe fechando e
ele não ficou desesperado pelo contrario ele sentiu uma sensação de paz
interior e aquelas raízes acariciaram o seu rosto e depois o garoto pegou a
gelatina e agradeceu ao peixe bonito e foi tentar curar o velho Bily.
Ao sair do rio
ele apanhou as talas e seguiu para a caverna chegando lá ele deu a resina para
o velho que logo já passou a mesma no local do ferimento e quando foi colocar
as talas o garoto pediu que ele passasse um pouco da gelatina na enfermidade e
depois engolisse um pouco da mesma, e o velho perguntou: onde você encontrou
substancia tão diferente, e o garoto respondeu! Foi no rio um peixe bonito me
indicou, o velho sabendo que a natureza estava do seu lado engoliu aquela
substancia e passou um pouco na enfermidade e logo percebeu que a sua pele
estava se juntando, então pegou as talas e colocou uma de um lado e a outra no
outro lado, e amarrou com embiras extraídas de cipós, a noite chegou e uma leve
chuvinha começou a cair, e com isso o menino foi para fora da caverna e ficou
debaixo da chuva a noite inteira lembrando-se do abraço que tinha tido com a Vitória
Régia, continua....
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