MORRE O VELHO BILY

No dia seguinte o garoto percebeu que o seu corpo estava cheio de escamas iguais as dos peixes então ele foi para dentro do rio e aquelas escamas sumiram, mas logo que saiu percebeu que elas voltaram a surgir, e isso obrigou ele ficar mais tempo dentro d’água, só que quando ele saia sempre ia ver o velho Bily que no dia seguinte de ter colocado a gelatina na enfermidade já amanheceu totalmente cicatrizada e a sua perna com o osso totalmente restaurado e o velho tentando saber o que viria acontecer no futuro próximo, resolveu abrir a concha, e para sua surpresa ele só via uma escuridão e um ponto de luz bem ao fundo, como se ele estivesse em um túnel, depois de tal visão ele percebeu que iria morrer então ele percebendo que o Balê estava demorando a vir visita-lo e o Terenos já não voltava mais por um longo tempo resolveu se preparar para a morte.

Com medo de morrer e deixar a concha desprotegida, e ele percebeu que a mesma tinha o formato da mancha que os garotos tinham na pele, com isso ele resolveu que iria fazer um local seguro para guardar a concha, para quando os garotos voltassem encontrassem a mesma em segurança, então ele começou a cavar um buraco no paredão da rocha que ficava dentro da caverna e na sequencia ele foi até a beira do rio e apanhou uma pedra achatada e fina que eles usavam como pilar para descer até o leito do rio, e com esta pedra ele fez a tampa do buraco depois de já pronta ele colocou a concha dentro do buraco e tampou com a pedra e na sequencia ele esculpiu um circulo em volta daquele buraco parecendo o formato da mancha que tinha na pele das crianças.

Depois de concluído o velho caiu ali mesmo e morreu e se passaram alguns dias até que o Balê resolveu visitar o velho Bily, e chegando lá se deparou com o cadáver do mesmo, então, o garoto começou a chorar e uma chuva começou a se formar e ela se prolongou por muitos dias e em meio aquela imensidão de água o garoto abriu uma loca dentro da caverna, e colocou os restos mortais do velho, e devido ter visto o velho morto, ele nem percebeu na parede o símbolo que o Bily tinha feito, e com o alagamento aquele desenho e a pedra que era a tampa do esconderijo da concha tinha sido tomado por muita lama, para ele saber o local exato onde tinha enterrado o Bily ele foi à beira do rio para pegar a pedra que servia de pilar para entrar no leito do rio, só que chegando lá ele percebeu que a mesma tinha sido tirada de lá, sem saber quem tinha feito aquilo, ele procurou outra pedra dentro do rio, e encontrou, a mesma tinha um formato de um cume, então ele a levou até o local da loca, e sobre o barro mole ele fincou aquela pedra e por alguns minutos ficou chorando com o rosto colado da pedra pensando na saudade que ele viria ter do velho Bily.

Mas aquela pedra seria o local onde ele poderia vir de vez enquanto, visitar o velho Bily e matar as saudades e aquela pedra também serviria para se o Terenos voltasse percebesse que ali tinha algo, e depois disso, o Balê saiu da caverna e já estando dentro do rio ele se lembrou da concha e a mesma não estava com o velho Bily isso o fez voltar e olhar dentro da caverna e lá ele não avistou a mesma, então ele imaginou que o Bily tinha guardado ela em algum lugar que não fosse a caverna com isso ele procurou ao redor num perímetro que abrangia até do outro lado do rio formado pela cachoeira, e sem achar a concha ele entrou no rio e logo se deparou com o peixe bonito que começou a lhe falar que em águas profundas e salgadas tinha uma pedra furada que o centro do furo tinha o mesmo formato da mancha que ele tinha na pele, e o garoto ficou curioso e começou a fazer perguntas para o peixe bonito e numa destas perguntas ele quis saber se um dia ele conseguiria ver a sua mãe biológica, e o peixe bonito diz: como você já viu sua mãe esta encantada em forma de planta e o único jeito de fazê-la voltar a forma humana é colocando o amuleto de mucunã nela, e o mesmo esta no fundo do mar próximo do portal da pedra furada protegido por um peixe gigante.

Sabendo da possibilidade de conhecer sua mãe em forma humana o garoto resolve voltar até o local onde estava enterrado o velho para se despedir e ao chegar ao local ele percebeu que tudo tinha sido tomado por árvores e nem parecia que ali um dia tinha sido uma caverna, mas ele sabendo entrou pelo meio das árvores e já dentro da caverna camuflada ele viu a pedra do tumulo do Bily e chegando logo foi se ajoelhando e em pensamentos falando para o Bily que iria a busca do amuleto de mucunã e neste momento ele ouve um barulho, então observa ao seu redor e no paredão da rocha ele vê que tem um buraco bem pequeno e redondo onde na borda do mesmo tinha umas ranhuras parecendo raios que surgia do centro do buraco só que aquelas ranhuras eram feitas de barro e na porta do buraco dava pra ver a cabeça de um inseto que estava ali parecendo uma sentinela, logo foi chegando vários insetos e ele percebeu que se tratava de pequenas abelhas nativas, ao olhar por entre o buraco ele viu uma luz dentro da rocha.

Logo ele começou a cavar para saber de que coisa vinha aquela luz e com um pedaço de pau ele bateu na rocha e percebeu que estava fofo, então ele tirou toda a casca de barro que cobria a rocha e com isso ele viu o símbolo que o velho tinha feito no formato da mancha que ele e seu irmão tinha na pele e também o formato do portal da pedra furada do fundo das águas salgadas como tinha dito o peixe bonito, daí ele retirou a pedra que ele reconheceu como a pedra do pilar que ficava no rio e na sequencia ele avistou a concha com os olhos do Maracanã e as abelhas tinham feito uma proteção ao redor da mesma com própolis e para não tirar a concha do lugar ele simplesmente abriu a parte superior da mesma e imaginou o seu irmão que fazia muito tempo que não aparecia e com estes pensamentos ele olhou para luz emitida de dentro da concha e os seus olhos foram direcionados para o olho direito do Maracanã e ele começou a ver o seu irmão junto com sua mãe adotiva que era a macaca mãe peluda e os mesmos estavam indo na direção de uma pedra furada que ficava no meio da mata próxima de serras e boqueirões e aquela pedra furada parecia com a que tinha debaixo das águas salgadas como tinha descrito pelo peixe bonito.