PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA - PI |
"Só que quando
ele tinha visto através do olho direito do Maracanã o futuro era uma natureza
devastada, e na renovação a nova natureza não havia o ser humano, e sim uns
vultos onde seriam preenchidos por um ser escolhido pela natureza, que poderia
ser o próprio ser humano, ou não, isso queria dizer que ele teria que fazer
algo para natureza para que ela se convencesse em deixar o ser humano como o
ser dominante e protetor dela, depois dele ficar martelando a sua mente em
busca de resposta ele resolveu sair um pouco para distrair a sua mente e ao
passar na queda d’água ficou debaixo da mesma por alguns minutos e aquela água
batendo forte na sua cabeça fez ele se sentir leve e renovado, então ele ficou
na beira do rio observando o mesmo e percebeu que naquele lugar o rio era limpo
e os peixes viviam felizes e aquele lugar era desconhecido pela maioria dos
seres humanos, enquanto os outros estavam totalmente assoreados e lá a maioria
dos seres humanos usavam eles como recurso, talvez o ser humano faz o mal a
natureza sem nem mesmo perceber, e ainda se julga inteligente, depois de pensar
bastante o Bily resolveu voltar para a caverna da cachoeira.
Chegando lá
ele foi até a concha dos olhos do Maracanã, e antes ele pensou que até agora
ele tinha visto duas eras antes do seu tempo e uma era após o seu tempo, mas
para entender realmente o que estava acontecendo ele deveria ver um passado
próximo e com este pensamento ele imaginou de onde tinha vindo o Maracanã, e ao
abrir a concha o olho esquerdo emitiu uma forte luz e ele começou a ver um
homem que era o ancestral do Maracanã sendo morto por outro homem que tinha
roubado o primeiro amuleto sagrado e na sequencia este homem que esta com o
amuleto também é ferido e um cachorro voador pega o individuo e leva para o
alto mar e solta o mesmo dentro d’água e o amuleto se solta do mesmo e um peixe
gigante engole o amuleto, o ancestral do Maracanã chama-se Mucunã e através de
um coração de pedra trazido pelo seu pai da serra sagrada ele volta a vida e
recebe um outro amuleto sagrado e este Mucunã era o mensageiro dos conceitos da
natureza e foi tendo filhos e estes filhos foram sendo instruídos a seguir a
tradição de mensageiros em prol da natureza.
E o ultimo dos
seus descendentes era o Maracanã que não teve o coração de pedra para lhe
salvar da morte, e pelo que o Bily tinha entendido só restavam dois amuletos,
porque se tinham mais os mesmos já tinham sido extintos e um estava debaixo do
oceano e o outro estava em poder do Papaconha, para entender melhor o Bily
fechou a concha e pensou no futuro próximo, então ele viu uma mulher que era a
primeira filha da Formosa tendo dois filhos gêmeos e um tinha as
características de peixe e o outro era normal e ambos tinham o sangue do
Maracanã, pois a sua mãe era filha da Formosa com o Maracanã e talvez eles
fossem os que iam salvar a natureza, pois o Bily já estava ficando muito velho
e não tinha muito tempo para tal missão, então ele vendo que o lugar onde iam
nascer às crianças ficava em um aglomerado de serras onde na parte de baixo
destas serras estava o mar, ele começou uma caminhada para este local.
Antes ele foi
à sua tribo e pediu para uma amiga confeccionar uma capanga no formato da
concha e com caroás, e a mesma tinha que ter duas embiras para que ele amarrasse
na cintura para que a concha não se separasse dele com facilidade, e também
pediu que ela confeccionasse um saco com que tivesse dois repartimentos, e que
também tivesse embiras para ele amarrar o mesmo nas costas e assim foi feito
pela sua amiga artesã e depois ele foi até a caverna da cachoeira e apanhou a
concha e colocou na capanga e amarrou na cintura, e com o saco ele seguiu rumo
a norte de onde ele estava, e depois de muito tempo ele chegou a uma tribo de
costumes estranhos, e ficou por ali, e num certo momento ele pegou a concha e
olhou para o olho direito, então ele viu a mulher tendo os filhos e morrendo na
sequencia e como uma das crianças era especial com características de peixe
elas seriam sacrificadas, pois os membros daquela tribo acreditavam que eles
trariam maldição para todos, porque o nascimento deles já tinha matado até
mesmo a própria mãe, e como de costume se nascesse uma criança com alguma
deficiência ela teria que ser sacrificada, vendo aquilo o Bily chegou à
conclusão de que a sua missão era salvar os gêmeos para que eles salvassem a
natureza.
Sabendo disso
o velho Bily ficou sempre próximo da Vitória Régia que era filha da Formosa e
numa noite de lua cheia, ele viu a Vitória Régia sair rumo ao mato, e lá ela
começou a sentir dor e o velho Bily chegou ao momento do nascimento dos dois, e
ele ajudou a pegar as crianças, e ao olhar para o corpo dos dois percebeu que
ambos tinham uma mancha bem nas costas, na sequencia ele colocou um em cada
repartimento do saco amarrou o mesmo nas costas e olhando para a Vitória Régia
já morta, ele apanhou a mulher em seus braços, e levou até um riacho que tinha
ali próximo, e a colocou dentro do leito, e ao soltar a mesma, ela ficou
flutuando e o velho viu aquela mulher se transformar em uma flor muito grande
de cor verde, e neste momento aparece uma criança daquela tribo a mesma já
estava chegando à adolescência e curioso perguntou para o velho Bily que tipo
de planta aquática era aquela? e o velho respondeu: esta é a Vitória Régia, e o
garoto saiu para contar para os seus pais e parentes sobre a nova planta que o
velho tinha descoberto.
O velho com as
crianças nas costas sabia que tinha que sair daquela tribo o mais rápido
possível, pois se os membros daquela tribo soubessem da existência dos bebês especiais
com certeza mataria os mesmos e mataria até mesmo o velho por ter ajudado a
salvar as crianças amaldiçoadas no entender deles, mas o velho estava salvando
os mesmos porque eram crianças especiais e abençoadas pela natureza e elas eram
quem viriam a salvar a humanidade da próxima renovação, logo o velho Bily saiu
na direção das serras que davam acesso ao mar e chegando num local onde tinha
umas espécies de pequenas frutas vermelhas ele parou comeu um pouco de frutas e
pegou a concha e imaginou onde teria uma caverna igual à caverna da cachoeira,
e olhou para o olho direito e avistou uma caverna que tinha uma cachoeira ao
lado não era igual, mas dava para camuflar a mesma para que ninguém percebesse
que lá existia uma caverna.
E aquela
caverna estava a poucos metros de onde ele estava e chegando lá ele amarrou o
saco nas raízes das árvores que ficavam expostas dentro da caverna e as
crianças ficaram acomodadas em uma espécie de rede, e o velho cuidou de
camuflar o local para que nenhum animal percebesse que ali havia uma caverna,
mas depois dele estar convencido de que tinha feito um bom trabalho as crianças
começaram a chorar muito devido à fome, e para sua surpresa uma macaca coloca
sua cabeça dentro da caverna, e vendo as crianças ela vai até elas e apanha as
mesmas nos braços e começa amamentar os dois, e o Bily fica admirado com aquela
cena e depois a macaca saiu e de tempos em tempos ela vinha e amamentava as
crianças, só que a criança que tinha característica de peixe começou a chorar
muito, mesmo tendo sido amamentada, e o velho sem saber o porquê foi até a
cachoeira e pegou um pouco d’água e deu para o bebê e ele parou de chorar, mas
não demorou muito ele voltou a chorar, e o Bily sabendo que não era sede e nem
fome resolveu ir atrás de uma planta que as fêmeas da sua tribo costumavam dar
para os recém-nascidos quando eles estavam chorando sem um motivo certo.
Depois de
muito tempo procurando a erva ele voltou para a caverna e chegando lá avistou
um colibri jogando água no ouvido do bebê com característica de peixe e o mesmo
tinha parado de chorar e no momento em que o beija-flor colocava água ele
começava a sorrir e aquele colibri de cor verde por varias vezes foi até o
riacho e encheu o bico de água e jogou nos ouvidos da criança, então o velho
chegou à conclusão de que aquela criança deveria estar sempre molhada e a
partir daquele dia o velho Bily pegou uma casca de uma árvore e tampou as
laterais da mesma com uma seiva visguenta extraída de outra árvore que ficava
perto da cachoeira e com isso ele criou uma espécie de recipiente ou vasilha e
com essa vasilha ele apanhava água no rio formado pela cachoeira e deixava ao
lado da criança e a cada meia hora ele jogava um pouco daquela água na criança
que com isso parou de chorar"...
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